terça-feira, 22 de junho de 2010

Lírica (114) - Arco-íris

Protegidos da chuva sob um toldo de farmácia, ele e ela, esperando o ônibus, retomaram uma conversa que tinham iniciado ali mesmo, meses antes, e à qual diariamente acrescentavam novas descobertas, e sorrisos, e risos, intuindo um futuro de bem-aventuranças. Nesse dia, as mãos já quase se tocavam e as palavras saíam da boca de cada um com algo que se poderia chamar de açúcar. Houve um daqueles silêncios que costumam preceder as frases decisivas e, quando elas iam finalmente aflorar, apareceu no céu um arco-íris tão bem desenhado que ele e ela, aturdidos com aquela beleza que não admitia réplica, deixaram a revelação mútua se calar nos lábios, à espera de um dia que talvez fosse o seguinte.

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