terça-feira, 20 de julho de 2010

Lírica (201) - Naufrágios

Sentou-se no canto mais afastado da praça e abriu o livro, uma novela em que um polaco inglês narrava turbulentas viagens marítimas que já nenhum deles, nem o autor nem o leitor, conseguiria realizar. Empolgou-se com as peripécias e imaginou-se jovem, curando romanticamente as desgraças do amor num navio qualquer, enfrentando as tempestades e os oceanos. Duas horas depois, sentindo-se velho outra vez, saiu do canto afastado e buscou o centro da praça, onde, com o livro fechado, se pôs a olhar para todos os lados, à procura de vida, qualquer vida, tivesse ela olhos verdes ou azuis.

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