quarta-feira, 21 de julho de 2010

Lírica (227) - Coadjuvante

Sentado na praça com o livro aberto, ouviu, vinda da alameda, uma conversa entremeada de risos, uma algazarra de vozes femininas, e baixou ainda mais os olhos, como se alguma parte do texto pudesse fugir à sua compreensão. Ficou assim, sem ler uma palavra, sem ver uma vírgula, esperando que o alegre vozerio passasse e ele pudesse de novo olhar à sua volta, sem enfrentar o risco de ser reconhecido pelo amor e escolhido outra vez por ele para entrar em mais um de seus enredos, nos quais acabava representando sempre papel de coadjuvante - sem brilho e sem glória.

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