domingo, 8 de agosto de 2010

Lírica (382) - Terror

Destruído por uma calamidade amorosa, ele passou a andar de olhos baixos e a treinar os ouvidos para que reduzissem todos os sons ao silêncio, precavido em especial contra mulheres de todos os tipos e nacionalidades, notadamente as nem muito baixas nem muito altas, nem muito magras nem muito gordas e cuja voz fosse nem muito grave nem muito aguda. Se adivinhava a aproximação de uma delas, mordia os próprios lábios até que sangrassem e afastava-se depressa, só voltando a respirar quando se sentia completamente salvo.

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