quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Lírica (417) - O poeta

Todas as manhãs, depois de pegar o bloco e a canetinha, o velho poeta abria a gaveta e, tossindo com a poeira e a naftalina que lhe afetavam a garganta, puxava sempre as mesmas palavras: sol, girassol, rouxinol, arrebol, crisol e outras com a mesma rima. Vinha fazendo versos com elas fazia quarenta anos e jamais cometeria a traição de abandoná-las.

Nenhum comentário:

Postar um comentário