domingo, 5 de setembro de 2010

Lírica (597) - Pluma

Com as doenças, seu corpo foi minguando até se tornar leve como o de um mirrado menino de cinco anos. Mesmo assim, pesava-lhe demais e o obrigava a manter-se ou sentado ou deitado. A ideia de ter uma alma passou a ser seu conforto e, na poltrona ou na cama, sonhava com a manhã em que se desprenderia da carne e voaria como um passarinho para a mais distante das nuvens. Por desejo ou por acaso, seu sonho foi se refinando e algumas vezes ele já se via não como um passarinho, mas como uma pluma soprada na direção do sol.

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