segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Lírica (790) - Chave de ouro

Decepcionado com o amor e enfadado com o lirismo, jurou jamais falar de estrelas, de lua, de olhos azuis ou verdes, de barquinhos levando suavemente casais de apaixonados à morada do amor eterno. Preparava um soneto em que a musa seria uma antimusa e, ao invés de sonhar, divagar e cantar, faria uma porção de outras coisas, resumidas na chave de ouro, um sonoro decassílabo que já estava pronto e dizia: eructar, esputar, esternutar.

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