segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Manhã

Anda sem pressa
para ser todo possuído pelo encanto do dia

Sorri
para os pássaros, as crianças no parque
e a magnificência do sol
As árvores balançam a folhagem
e lhe dizem alguma coisa
como todo dia
e ele supõe que sejam boas palavras
senão elas ficariam mudas

Acena sempre quando imagina
que alguém lhe acenou
e olha tudo com uma condescendência
que antes não tinha

Disseram-lhe que a vida é bela
e porque ele já cansou de se debater
faz toda manhã esse exercício de reconciliação
essa tentativa de aproximação com ela
A alma lhe dói ainda
Mas ele finge que não
e cada dia finge melhor
E para não perder nada de tanta beleza
a cada dez passos se incita
a respirar

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