quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sem

Assim como a vida
a retórica
e as suas
grandes imagens
começam
a abandoná-lo

Com os pulmões fracos
não pode mais clamar
pela amada
no mar tempestuoso
e fazer ouvir
sua voz no meio
dos trovões
das imprecações
dos marujos
e do sopro
do tufão

Com os braços frouxos
não pode mais
aspirar à ventura
de abraçar sua querida
e carregá-la nos ombros
sem que ela ria
da frouxidão do abraço
ou se condoa
de sua fraqueza

Com a voz débil
como desafiará
a Morte
para a derradeira batalha
sem que ela gargalhe
e lhe diga
espere
fique esperando aí
que os incapazes
os fracotes
os inúteis
virei recolher depois?

Nenhum comentário:

Postar um comentário