quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Só palavras

Palavras, só palavras, ela murmurava enquanto lia os poemas que ele havia feito para ela nas madrugadas de desesperada insônia. Palavras, só palavras, ela pensava enquanto ele tentava, quando caminhavam, dar a cada palavra - árvore, sol, vento - um significado e uma entonação tão intensos que pudessem enfim comovê-la. Palavras, palavras, só palavras foi o que ele lhe ofereceu sempre, quando ela ansiava pelo retumbar da música, pelo calor das pessoas e dos objetos, pelo alarido da vida. Ele continuou com as palavras, continua com elas. Ela ele não sabe onde está. Suas palavras, como sempre, não podem alcançá-la.

Nenhum comentário:

Postar um comentário