sexta-feira, 20 de maio de 2011

Companheiros

Agora, quando vou ao parque, não preciso mais levar pela coleira minha melancolia. No começo, atraída pelos meninos andando de bicicleta ou jogando futebol, ela se esforçava para livrar-se e cheguei a imaginar que, se a deixasse, me escaparia. Hoje ela me acompanha como um cãozinho e, se aproveito um instante de distração dela e me escondo atrás de uma árvore, logo noto seu desespero. Ela me ama agora, posso chamá-la de minha melancolia. Não se adaptará a mais ninguém. Sento-a no meu colo, num banco, e não nos seduzem nem o sol nem o canto dos passarinhos. Ficamos na sombra, sempre, nutrimo-nos da tarde em agonia e esperamos a noite, quando, livre da algazarra, o parque permite que ouçamos o vento e suas tristes canções.

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