sábado, 9 de julho de 2011

A esmo

Havia aqui nesta esquina
ou naquela ali
algo que dizia algo ao amor
e no entanto ele
não lembra bem
o que é

Vai até a outra esquina
e também não lembra
se era este o bar
ou aquele o café
se esta a banca de jornais
em que as mãos dele e as dela
puxando a mesma revista
se tocaram falsamente constrangidas

Tantas ruas
tantas avenidas nesta cidade
tudo propositalmente feito
ou assim parece
para desnortear
e o amor agora
com seus passos lerdos
já não sabe
se viveu mesmo outrora
aquilo que a memória procura
ou se foi sempre velho assim
e com a imaginação senil
criou o que hoje
embora ele sorria para tudo
(lembra de mim?)
lhe vira as costas
e se recusa a reconhecê-lo.

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