quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Longos são os dias

Acorda sempre mal. O sol lhe avisa que há mais um dia a cumprir. Precisará sorrir quem sabe quantas vezes, ouvir as palavras de sempre, falsas e adocicadas, dizer que sim, que sim, que tem fé, que tem esperança. São lentas as horas, mas ele sabe que o sol se irá, que com o sol se irão os visitantees importunos e ele voltará a se pertencer. E então ele sorrirá o seu sorriso, e dirá a si mesmo que não, que não tem fé, que não tem esperança, que não tem vontade de viver, e rezará a sua oração, aquela em que toda noite, fechando os olhos, pede para Deus lhe conceder a bênção de que o sol, quando voltar de manhã, os encontre fechados para sempre e vá iludir outros com sua embromação festeira, seu brilho de prostituta barata e seus passarinhos louvaminheiros.

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