quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O urso

Havia coelhos na loja, gatos, cachorros, todos de bela pelúcia. Tu, porém, gostaste de um urso, de material ordinário, que apesar de muitas liquidações continuava lá. Um dos olhos dele havia desaparecido, no pelo dele havia manchas e falhas e a pequena sineta que tinha no pescoço não soava mais. Chegaste a pegá-lo, mas no meio do caminho até a caixa te arrependeste. O que iriam pensar de ti em tua casa? Que se tenha amor por um animalzinho de verdade, ainda que estropiado, se entende. Mas por um urso de pano... Tu o deixaste entre os saldos, e, sempre que voltas à loja, disfarçadamente ficas com ele no colo, não por muito tempo, para que não te sintas outra vez tentada a levá-lo. E compras outro bichinho qualquer, e o carregas na vistosa embalagem, da qual o urso destoaria. Afinal, quando quiseres, poderás vê-lo, até o dia em que ele estiver tão maltratado que nem entre os saldos o manterão. Tua coleção continua irretocável. Merece os ohs de quem a vê. Quem precisa de um urso velho e esfarrapado?

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