quarta-feira, 7 de março de 2012

A sacerdotisa

Já no primeiro dia em que foi posto a serviço da sacerdotisa, o rapaz soube, por ela, que fariam parte de sua iniciação três coitos de que ela não prescindiria de maneira nenhuma: um matutino, um vespertino e um noturno. Sendo a sacerdotisa bela, embora já não muito jovem, o rapaz se felicitou por sua sorte. Cada vez que, por força de sua agradável função, ia visitá-la em seu amplíssimo aposento, ele, depois de cumprido o rito que lhe era cobrado, recebia, ainda no leito, uma massagem revigorante dada por um ancião que, enquanto usava habilmente seus dedos nas partes pudendas e nas demais, o lembrava de que dali a algumas horas a sacerdotisa o incitaria a um esforço no mínimo igual ao que acabara de despender. A isso se limitaram as palavras do ancião, até o dia em que, completados seis meses de sua primeira prestação de serviços à sacerdotisa, o rapaz lhe perguntou se fazia muito tempo que estava ali e se a massagem pós-coito era sua única função. "Um ano", respondeu o velho. O rapaz quis saber se tinha havido outro provedor sexual antes dele. O velho sorriu e nesse sorriso o jovem notou um brilho de maligna juventude. "Antes de você era eu", ele respondeu, agora com um riso que seria o de uma serpente, se uma serpente risse. Depois disse, como se o rapaz tivesse perguntado, se ele havia guardado os detalhes da massagem que três vezes por dia lhe era aplicada, dando a entender que seria importante se ele a fosse aprendendo em todas as suas minúcias. Suando frio, o rapaz procurou em todas as partes do templo um espelho. Não havia nenhum.

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