quinta-feira, 8 de março de 2012

Soneto da perdida juventude

Quando a neve chegar ao coração
E branquear a paisagem dos cabelos,
Quando os lábios que buscam a paixão
Mais nenhum beijo venha comovê-los,

Quando já fatigada de mantê-los
Queime a memória os trapos da ilusão,
E o olhar, olhando os lábios, custe a crê-los
Capazes de ao amor ter dito "não",

Quando vier o frio, e a juventude
Uma quimera te pareça ser,
Vem buscá-la em meus braços comovidos.

Verás que eu, que colhê-la jamais pude,
A tenho intacta em mim a florescer,
Na memória, nos olhos, nos sentidos.

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