domingo, 20 de maio de 2012

A moça

Já decidiu. Ainda que fique a manhã inteira no café, não olhará mais para a moça. Olhou duas vezes e foi mortalmente atingido pela luminosa juventude dela. Obriga os olhos a fixar-se nas próprias mãos e nunca as viu tão envelhecidas. Começa a doer-lhe algo que ele não sabe se é o estômago ou o fígado, talvez os dois, e ele sente uma tristeza aguda, profunda. Que a moça não olhe para ele agora, que ninguém olhe. O que dirão se virem um homem da idade dele chorando com o rosto entre as mãos?

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