terça-feira, 21 de agosto de 2012

Boa madrugada

Que as brancas ovelhas não se recusem a vir, e que venham lentas hoje, mais do que nunca, e também lentas passem, para que, embora te seja agradável vê-las, tu possas, antes de contar trinta ou quarenta, sentir já o sono começando a te fechar maciamente os olhos. Que durmas como mereces dormir, como deve dormir quem ama e é amado. Que durmas apaziguada. Foi cansativo o teu dia, parecia que não terias um minuto sequer para o teu amor, mas uma vez mais tu conseguiste. Foste louca na estrada, correste, mas quem não correria, ainda que fosse só para obter um carinho, um afago nos cabelos ou um beijinho na ponta do nariz? Abençoado esse para quem corres, para quem mudas tudo, para quem te preparas, para quem teclas o celular enquanto as placas de 120 km vão passando. Nele, apenas, e em mais ninguém deves pensar, a ele e a ninguém mais deves prestar contas dos teus dias. Amanhã talvez te lembres de que um amigo te escreveu ontem e prometeste responder. Talvez ele volte a te escrever e deixe no ar uma pequena queixa. Dirás a ele, se algo disseres, que estiveste muito ocupada com um sério problema e que, para poupá-lo de preocupações e de uma possível solidariedade, não contarás qual foi. Estarás certa. Que é um amigo quando o coração bate como bate o teu por um amor? Eu faria isso mesmo, também, se meu coração estivesse assim enlouquecido, se ele batesse tão alucinadamente por alguém. Eu me atiraria também insanamente às estradas, engolindo todas as placas e todas as distâncias para chegar, ainda que fosse só um minuto antes, ao encontro com alguém que fosse tão preciosa quanto tu és.

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