terça-feira, 25 de setembro de 2012

Kama Sutra - LVIII

Tomavam um cafezinho e conversavam. Ele olhava para a blusa da mulher e imaginava como faria. Era um plano juvenil, infantil até, mas ele o havia desenvolvido exaustivamente na véspera e não lhe ocorria outro. Estenderia o braço por cima da mesinha da lanchonete, apontaria o dedo para a blusa e, enquanto a mulher o fitasse intrigada, avançaria a mão rapidamente até a blusa e, fingindo desequilibrar-se se agarraria ao tecido, o suficiente para sentir por um momento a carne macia sob o sutiã. Depois de desculpar-se, diria, para se justificar, uma frase que ainda não tinha definido. Seria algo como "era uma aranha" ou "era um besouro". Enquanto se decidia pela aranha ou pelo besouro, continuava admirando o movimento da blusa, inflando-se e desinflando-se, inflando-se e desinflando-se. Era mesmo um plano infantil, ele reconhecia, lamentando não ter, em nome da verossimilhança, levado ou a aranha ou o besouro.

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