sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Um poema de Sylvia Plath

RIVAL

Se a lua sorrisse, teria sua cara.
Você também deixa a mesma impressão
De algo lindo, mas aniquilante.
Ambos são peritos em roubar a luz alheia.
Nela,  a boca aberta se lamenta ao mundo; a sua é sincera

E na primeira chance faz tudo virar pedra.
Acordo num mausoléu; te vejo aqui,
Tamborilando na mesa de mármore, procurando cigarros,
Desconfiado como uma mulher, não tão nervoso assim,
E louco pra dizer algo irrespondível.

A lua, também, humilha seus súditos,
Mas de dia ela é ridícula.
Suas reclamações, por outro lado,
Pousam na caixa do correio com regularidade encantadora,
Brancas e limpas, expansivas como monóxido de carbono.

Nem um dia se passa sem notícias suas,
Vadiando pela África, talvez, mas pensando em mim.

(Do livro "Poemas", tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça, publicado pela editora Iluminuras.)

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