quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Amor, meu morto querido

Quando secar a última lágrima e se dissipar a derradeira lembrança, não terei mais o que dizer. Por todos esses anos, tu, amor, foste meu único assunto e, embora já estejas morto, eu exploro ainda vilmente o teu corpo. Não deixei que ele descansasse em vida, não o deixo descansar agora. Falei tanto de ti, falo ainda, sempre, porque não falar de ti seria não falar de nada, seria morrer. Pobre amor, que Deus cale enfim minha voz e que tu, livre do meu veneno, possas germinar na terra onde estás e dela faças nascer flores dignas não de mim, que desejei ser teu conforto e fui teu algoz, mas de quem venha a merecê-las.

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