sábado, 19 de janeiro de 2013

Kama Sutra - XCVI

Estamos sós, de novo. Ainda ontem, como nos olhavam, como nos sorriam, como docemente nos falavam. Jovens estrangeiros importados para o prazer de ávidas mulheres, nós três fizemos o que pudemos, nosso melhor. Bebemos em taças marcadas de batom, exibimos nossos músculos, dançamos, copulamos com quantas mulheres pudemos, em camas de alva maciez. Como sempre, quando acordamos, de manhã, estávamos fora da mansão, onde já não brilhava nenhuma das majestosas luzes da véspera. Desde o início desta excursão, que dura já três anos, tem sido assim. Nosso empresário, antes de cada noitada, nos assegura que será a última e que finalmente nos venderá para um grupo de milionárias viciadas em sexo que nos darão sustento e luxo para o resto da vida. Mas há sempre algum empecilho, que ele nunca explica a nós três, e debaixo do impiedoso sol seguimos para outra cidade, para outra festa, onde mostraremos nosso corpo e o alugaremos para prazeres alheios. Não corre mais em nossas veias o sangue que fervia três anos atrás. Temo que logo as mulheres comecem a desdenhar de nossos músculos e nosso empresário acabe nos vendendo para algum negociante de sexo que nos destine a bordéis nos quais satisfaremos velhas flácidas e - tomara que nunca - rapazes degenerados.

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