sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Sadomasoquismo na era do msn (subsídios para o dr. Pedro)

Ocorreu-me hoje que registrar algumas características do mal que vem me afligindo há mais de cinco anos talvez possa ser útil a alguém. Não tenho sequer noções de psicanálise e psiquiatria, mas penso estar submetido a uma situação de sadomasoquismo que - ao contrário de tudo que vi em filmes, peças teatrais e livros - não se consuma nos costumeiros atos físicos de castigo e recompensa sexual. É uma tortura apenas mental e, por isso, muito mais cruel. Em todos os anos durante os quais ela me tem sob seu jugo, jamais foi formulada, e nem mesmo sugerida, qualquer espécie de satisfação sexual. Há o conhecido jogo de atração e rejeição, mas o único objetivo parece ser o do suplício mental recíproco. É uma obsessão que se basta, que se perfaz por si só. Não há algemas, chicote, flagelação física. Os corpos - o meu e o dela - estiveram sempre distantes (talvez mais uma dessas mudanças devidas ao msn).  O que cada um de nós se empenha em destruir, com uma determinação quase religiosa, é a mente, a alma do outro. Nunca fui participante de nenhuma relação masoquista clássica, daquela espécie que, por assim dizer, se realiza no corpo e nele busca a redenção. Mas, se pudesse optar, preferiria vergastar e ser vergastado, por mais dolorosas que fossem as feridas que eu causasse ou sofresse. Não há pomadas para a alma.

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