sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Você na Santa Cruz

A você - que sorriu hoje para mim, às 9h35 no metrô Santa Cruz, porque por um instante pareceu que eu era um centroavante sem freio e você uma temerosa defensora, e quase nos derrubamos - eu retribuo agora, com este imperdoável atraso. Você não verá este sorriso, com o qual  eu substituo aquele murcho, franzido, que lhe dei. Perdoe-me. Há muito perdi o hábito de sorrir e, para sorrir agora, precisei buscar ajuda em memórias bem antigas. Sorrio e digo a você que seu sorriso me surpreendeu e me deixou completamente sem jeito, cheio de mãos e dedos, todos inábeis para lhe mandar sequer um aceno. Há muito não sorriam assim para mim, há muito eu não sabia como podem nos fazer bem dois lábios, mesmo que não digam uma só palavra.

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