quarta-feira, 24 de abril de 2013

Dois parágrafos de Katherine Mansfield

"Sábado. Te amo tanto. Te amo tanto. O vento uiva e as venezianas estremecem, e este velho hotel abandonado parece situado em uma ilha longe, muito longe. Mas eu te amo muito, eu te amo muito, eu te amo muito. Sou absolutamente tua para sempre. Meu tesouro, por favor, não me mande nunca sequer um centavo de dinheiro extra. Isso é a exata verdade. Economize. Guarde-o. Para o futuro. Nós vamos precisar ter os bolsos cheios. Vou poupar tudo que puder e fazer economias tanto quanto puder. Confie em mim." (Do livro "Diário & cartas", tradução de Julieta Cupertino, publicado pela Editora Revan.) Qualquer comentário meu sobre Katherine Mansfield não poderia ser senão uma heresia. Este, portanto, é isso, uma heresia, mas não resisti ao impulso de falar do maravilhoso ritmo do parágrafo inicial, em que as declarações de amor seguem o cadenciado ruído das venezianas que batem e voltam a bater, batem e voltam a bater.

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