segunda-feira, 22 de abril de 2013

Um trecho de Luiz Carlos Cardoso

"Outra razão a me incomodar, essa maior ainda, era, digamos, a modalidade do meu amor por Diana. Todos conhecem aquele conto de Eça de Queirós em que José Matias ama por dez anos a divina Elisa, com ela trocando cartas e juras. Quando morre o marido de Elisa, deixando-a disponível para ele... ele foge! Elisa casa de novo e José Matias volta à vizinhança para amá-la por mais sete anos, até que ela de novo enviúva. "E o José Matias inteiramente se sumiu, se evaporou", conta o narrador. A divina Elisa torna-se amante de um homem separado e muda-se. Seria eu um José Matias procrastinador por motivos obscuros? Por receio de falhar sexualmente com a mulher muito amada ou pelo sentimento de culpa tornado maior devido aos malditos escrúpulos éticos?" (Do livro "Crime improvável", publicado pela Ficções.)

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