sexta-feira, 24 de maio de 2013

O amor há de...

... cuidar para que, quando for objeto só da memória, possa ser recordado com carinho. O amor não há de interpelar, de puxar pelos ombros, de gritar nomes pela rua. Há de guardar para si a dor e, se for lamentar-se, que seja como o cicio de uma folha soprada pela mais leve brisa. O amor não há de derramar-se em odes, nem transbordar em epopeias. O amor há de ser um poema simples, uma trova, uma quadrinha, quatro versos feitos com palavras corriqueiras e metáforas infantis. O amor não há de argumentar, de debater, de persuadir. O amor há de ser espontâneo e silencioso como uma garoa vista pela janela. O amor há de ser como os lápis de cor de uma menina: prontos para a qualquer momento pintar o arco-íris, mas modestos e quietos dentro do estojo, enquanto ela não os chama.

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