sábado, 28 de setembro de 2013

O medo de passear

Veio-me, agora há pouco, o impulso de pegar a minha tristeza e ir dar uma volta com ela pelo parque. Minha tristeza é mansa, afável até, e saberia comportar-se. Já fiz isso algumas vezes. Mas, sempre que chegamos ao parque, o sol se esconde e as nuvens ameaçam despejar chuva. Minha tristeza não sabe ler, mas para ela é como se estivesse escrito, bem na entrada, "tristezas não são bem-vindas". O que pode uma tristeza fazer num parque, num sábado de manhã, senão dar mau exemplo aos meninos e meninas que correm de bicicleta ou de patins e às mães com bebês no carrinho? Bem, já se vê que não sairei com ela. Além desse inconveniente de estragar o sábado alheio, há sempre, em mim, o medo de que ela rompa a coleira e desapareça para sempre. Que faria eu sem ela, a minha tristeza, neste sábado e nos outros, talvez muitos, que Deus talvez me reserve?

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