sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

"Almoços", de Julio Cortázar

"No restaurante dos cronópios acontecem essas coisas, a saber que um fama pede com grande concentração um bife com batata frita e fica danadodavida quando o cronópio garçom lhe pergunta quantas batatas fritas quer.
   - Como, quantas? vocifera o fama. - O senhor me traz batata frita e pronto, que droga!
   - É que aqui servimos em porções de sete, trinta e dois ou noventa e oito - explica o cronópio.
   O fama reflete um pouco, e o resultado da sua reflexão consiste em dizer ao cronópio:
   - Olhe, meu amigo, vá à merda.
   Para imensa surpresa do fama, o cronópio obedece instantaneamente, isto é, desaparece como se o vento o tivesse bebido. É claro que o fama jamais chegará a saber onde fica a tal merda, e o cronópio provavelmente tampouco, mas em todo caso o almoço está longe de ser um sucesso."

(Do livro Papéis inesperados, tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht, publicado pela Civilização Brasileira.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário