terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Soneto da puta bem-amada

Pálida, muito pálida e calada,
Nos lábios graves um sorriso triste,
Nos olhos cavos uma luz cansada,
Assim, tristonha e pálida, surgiste.

Quis abraçar-te, mas a madrugada
Crescera imensa em ti, e sugeriste
Presteza. Tinhas a alma desligada
Dos gestos, e depressa desvestiste

O corpo afeito, e o seio propiciaste,
E beijos deste, e as pernas separaste,
Mas eram frio, murchos, constrangidas.

E pálida, e calada, foste embora,
Alheia ao fogo da hora breve, da hora
Que me dormira as noites maldormidas.

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