sábado, 18 de janeiro de 2014

Um soneto de Shakespeare

"Se ao bronze, à pedra, ao solo, ao mar ingente,
Lhes vem a Morte o seu poder impor,
Como a beleza lhe faria frente
Se não possui mais forças que uma flor?

Com um hálito de mel pode o verão
Vencer o assédio pertinaz dos dias,
Quando infensas ao Tempo nem serão
As portas de aço e as ínvias penedias?

Atroz meditação! como esconder
Da arca do Tempo a joia preferida?
Que mão lhe pode os ágeis pés deter?
Quem não lhe sofre o espólio nesta vida?

Nada! a não ser que a graça se consinta
De que viva esse amor na negra tinta."

(De Sonetos, tradução de Ivo Barroso, publicado pela Abril Cultural.)

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