sábado, 15 de fevereiro de 2014

Ainda que tarde

Lento como sempre, obtuso, levado pela paixão desatada e desassistido pela razão, só agora me ponho, de verdade, a fazer o que sabiamente o Padre Vieira recomendou a todos nós: pensar no que a vida tem de mais importante e essencial - a morte. Há quatro anos - tempo de existência do blog - venho tratando timidamente do tema. Facilmente influenciável, sempre que pretendi me aprofundar nas peculiaridades da morte, a vida - sob o eterno disfarce do amor - me desviou, e tudo acabou não passando de meras ou meias-tentativas. A palavra marco me incomoda, é dramática demais, excessivamente solene, mas hoje o blog toma o rumo que talvez devesse ter assumido desde o primeiro dia. Falar da morte será o mote e, se o amor por acaso aparecer ainda, será com sua verdadeira face, que é, sabidamente, a de um bufão. Nos textos de hoje os três ou quatro leitores que porventura, e por desventura, venham acompanhando o blog desde o início notarão que alguns são antigos. Foram alterados aqui ou ali e, se os reproduzo, é para que eles deem o testemunho de que, se não fosse pelo estorvo representado pelas tolices amorosas, o principal foco do blog seria, já desde 2010, o que deveria ter sido. Como uma grave moléstia deixa insanáveis sequelas, e como de um cérebro já avariado não se pode cobrar coerência, dias haverá em que o amor, com sua face cínica, aparecerá aqui, com suas fanfarras e estardalhaços. Serão, porém, exceções, pelas quais antecipadamente me desculpo. Isto aqui será, cada dia mais, o que já há quatro anos deveria ter sido para um ancião: pouco sol, muitas sombras.

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