segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Leoa jovem

Leoa jovem
leoa menina
tu me farejaste
uma tarde
na verde campina
por onde eu arrastava
meu cansaço de viver
e minha carne mofina

Era primavera
ao menos para ti era
leoa menina

Eu carregava o inverno
em mim
um inverno de cervo envelhecido
ansiando pelo fim
e pelo olvido

Tu me farejaste
e por um embuste do cheiro
me seguiste
e sobre mim te lançaste
como se eu fosse um cordeiro

Grande foi o nojo
com que as garras
que em mim cravaste
de mim desencravaste
e as lavaste no ribeiro

Tu te foste
jovem leoa
leoa menina
e rejeitado por ti
vou me arrastando
esperando que um dia
se condoam de mim
e me deem fim
as aves de rapina.

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