segunda-feira, 11 de maio de 2015

A gaveta (10) - Reservado (versão final)

Pura, minha infância.

Não tive prima que me iniciasse
No canto escuro do porão
Não tive empregada que me usasse
Não tive mão safada
Seguindo a imaginação

Quanto aos meninos
Troquei com eles
Figurinha pião
Sopapo bolinha
Coisa pouca, mesquinha

Vivia simples
Sem saber que em mim crescia
A flor de angústia a flor de sangue
Dilacerada depois
Dia a dia
Pelos dentes podres da madrugada

Eu nem pressentia então
Mas a morte já me reservava.

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