sábado, 31 de outubro de 2015

20h24

Ao meio-dia, quando eu já ia fechando a loja sem que a tivesse visitado um freguês sequer, apareceu um. Apalpou um livro, examinou uma foto, deixou no ar uma interjeição; bah! Quinquilharias, bufou. Eu lhe disse que a intenção era precisamente essa, a de reunir objetos, ainda que banais, como um guardanapo de papel ou uma tampinha de refrigerante, desde que tenham estado no cenário de alguma recordação amorosa. Ele me chamou de doido. E o que diria se eu lhe indicasse uma visita ao Museu da Inocência, de Orhan Pamuk? Àqueles que não foram ao museu, nem leram o livro, recomendo: façam ao menos uma dessas coisas. Depois me digam se a opinião de vocês sobre o amor continua a mesma. Ah, aqueles que não têm um objeto do ser amado, um lenço apanhado sub-repticiamente, para levar aos lábios e beijar, e morder.

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