terça-feira, 3 de novembro de 2015

11h21

Comecei a recolher os objetos na loja. A sempre tola emoção torna o ritmo lento. Preciso acelerá-lo. Devo ver, enfim, o que qualquer homem sensato veria: o amor é uma balela, e bizarros são seus objetos. Até sexta tudo estará terminado e chamarei a caçamba. Obrigado a quem visitou a loja e a quem manifestou o desejo de visitá-la. Já não vale a pena, agora. Quem se interessa em olhar para uma pilha de lixo? Quem acreditará que, remexendo-a, possa encontrar algo mais que boboquices às quais um cretino deu um valor exagerado, ligando-as ao amor? Sexta voltarei a me fechar ao mundo, como convém a quem não sabe lidar com ele. Fiz isso uma vez, há alguns anos, mas recaí na tentação de me exibir. Continuarei dando vazão a minhas sandices por aqui, talvez, ou nem isso. Será um registro que fará sentido só para mim. Nada mais de curtir, compartilhar, comentar. Desisti de fazer-me entender. Jamais consegui mostrar-me como queria ser visto pelas pessoas às quais mais me interessava expor-me. Se continuar escrevendo (crônicas ou contos), me refugiarei na comodidade da terceira pessoa. A primeira pessoa, aquela pela qual se exprime a alma, morreu de cansaço e incapacidade.

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