quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Soneto do tempo da bem-aventurança

Hoje podes viver serenamente.
O amor se foi e, quando o amor se vai,
Tudo o que nós pensamos ser se esvai
E murcha e morre inapelavelmente.

O que foi, foi outrora, antigamente,
Num tempo que a memória agora trai,
Num ontem em que havia flores, ai!,
Que jamais conheceram o presente.

Daquilo nada mais te diz respeito,
Outro hoje é o coração que tens no peito,
E aquelas horas não são mais esta hora.

Estás vazio enfim, nada te prende,
Em ti nada mais pede nem pretende.
Tu já podes morrer em paz agora.

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