terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Um soneto de Sor Juana Inés de la Cruz

"Ao que ingrato me deixa, busco amante;
ao que amante me segue, deixo ingrata;
constante adoro a quem meu amor maltrata;
maltrato a quem meu amor busca constante.

Ao que trato de amor, acho diamante,
e sou diamante ao que de amor me trata;
triunfante quero ver ao que me mata,
e mato ao que me quer ver triunfante.

Se a este pago, sofre meu desejo;
se rogo àquele, meu orgulho encolho;
de entr'ambos modos infeliz me vejo.

Porém eu, por melhor partido, escolho
de quem não quero, ser violento ensejo,
que, de quem não me quer, infame abrolho."

(De Letras sobre o espelho, tradução de Vera Mascarenhas de Campos, publicação da Iluminuras.)

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