quinta-feira, 24 de março de 2016

Um soneto de Ivan Junqueira

"E se eu disser que te amo assim de cara,
sem mais delonga ou tímidos rodeios,
sem nem saber se a confissão te enfara
ou te apraz o emprego de tais meios?

E se eu disser que sonho com teus seios,
teu ventre, tuas coxas, tua clara
maneira de sorrir, os lábios cheios
da luz que escorre de uma estrela rara?

E se eu disser que à noite não consigo
sequer adormecer porque me agarro
à imagem que de ti em vão persigo?

Pois eis que o digo, amor. E logo esbarro
em tua ausência - essa lâmina exata
que me penetra e fere e sangra e mata."

(De Poesia reunida, edição de A Girafa.)

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