segunda-feira, 23 de maio de 2016

... que o soneto

Houve tempo, o dos parnasianos, em que o importante não era tanto fazer um soneto, mas burilá-lo. O soneto podia ser concluído em uma hora ou em um dia. Podia estar maravilhoso, perfeito, soberbo, para os outros. Para o autor, porém, esses adjetivos não valiam. Uma semana depois, um mês, se alguém perguntasse pelo soneto, o autor respondia: estou burilando, dando uma penteadinha nele. Tão forte era essa preocupação com a forma que os parnasianos praticamente não admitiam a possibilidade de um soneto ser considerado pronto na primeira versão. E as alterações iam se sucedendo: emendas e mais emendas. Os gaiatos diziam que cada soneto parnasiano era como um parto de montanha. Daí, desse fazer e refazer, é que talvez tenha nascido a expressão "pior a emenda que o soneto".

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