sábado, 27 de agosto de 2016

Um soneto de Shakespeare

"Quando vejo nas crônicas antigas
A descrição dos seres mais perfeitos,
E o belo a embelezar velhas cantigas
Em honra à dama e aos paladins eleitos,

No blasonar da formosura rara
Que em mãos, pés, lábios, olhos, face aflora,
Sinto que a musa antiga decantara
Mesmo a beleza que deténs agora.

Não passa tal louvor de profecia
Do nosso tempo, e já te prefigura;
Mas como só na mente é que te via,
Não pode o teu valor cantar à altura.

E hoje, que temos olhos para ver,
Verbo nos falta para enaltecer."

(Tradução de Ivo Barroso, de Obra completa, Editora Abril.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário