quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O que me resta (para a PMM e o Mottinha)

Resta-me agora este blog. Não é pouco. Ele me basta. Está bem na medida do que hoje posso. Não tenho mais fôlego para a prosa longa. Já me cansam também os catorze versos dos sonetos. Aqui, posso apresentar-me com a desfaçatez de uma quadrinha e esperar a benevolência dos leitores. São todos meus amigos. Ou posso escrever qualquer coisa como esta, nem poesia nem prosa. Algo que se tolere em alguém de quem seria quase injusto querer mais. Algo que seja isto que é: uma conversa diária que se iniciou há seis anos e me faria falta se vocês resolvessem interrompê-la, embora eu, chiliquento como uma noviça, viva ameaçando sair para me recolher definitivamente à minha condição de eremita ou de morto. Bom dia.

2 comentários:

  1. I“Ele, mecanicamente, aperta o casaco. Sentimentalmente, está apenas a tapar o buraco que tem no peito. É um gesto inconsciente. O seu peito não é uma visão agradável: o que se vê naquela caixa torácica é um terreno devastado pela dor e uma camisa aos quadrados fora de moda.”
    Afonso Cruz in JC bebia cerveja

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  2. Uma camisa aos quadrados, uma blusa xadrez. De quantos ardis dispõe a melancolia, quando se une à memória para docemente aniquilar um homem.

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