quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Minha loja

Quem tem um blog e há sete anos nele publica uns dez textos por dia há de ter reconhecida pelo menos essa sua assiduidade. Nem sempre - quase nunca - o que rotulo aqui como literatura merece ser assim considerado. Dói-me dizer isso. Lembro-me de escritores, poetas principalmente, que escreveram vinte ou trinta poemas durante a vida toda e dedicaram-se infatigavelmente a suprimir-lhes ou acrescentar-lhes frases, a modificá-los, a alterá-los, a fazer aquilo que no jargão parnasiano se conhecia como burilar. Tive outrora esse impulso de perfeccionismo, mas - desde a abertura do blog, que hoje chamo de lojinha - eu venho tentando ter como principal norma a assiduidade. Sinto-me como um padeiro. Os fregueses são poucos, sempre foram, mas todos os dias eu me empenho em produzir os melhores pãezinhos. Faço-os da melhor maneira, mas não posso, depois de prontos, pedir tempo para aprimorá-los. Assim como estiverem, assim irão para o balcão. Nem na panificação nem na literatura a época permite morosidades. A obra-prima ou sai na primeira fornada ou paciência! Talvez saia amanhã, ou depois, ou provavelmente nunca. Devo oferecer o que tenho hoje, esteja como estiver. Aceitem meus pãezinhos. O que de melhor posso dizer deles é que são honestos, como é honesto quem os produz. Sou um ótimo exemplo de que nem sempre querer é poder.

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