sábado, 14 de janeiro de 2017

Um poema de Emily Brontë

"Dize-me, quero saber, bela criança sorridente:
Que imagem desperta a teus olhos o passado?
- "Uma noite em que morre o outono, na sua mole doçura;
O vento arrasta o luto,
Suspira."

Mas, dize-me, que imagem evoca o presente?
- "Verde e florido, o tenro galho
Onde o pássaro pousa e reúne suas forças,
Para tomar  alento e voar ao longe."

E o futuro ainda, ó bendita criança?
- "O oceano, em que se mira um sol sem nuvens;
O oceano do poder onde cintila a glória;
A planície azul sem fim."

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A comovente harmonia das músicas divinas,
A glória a grandeza dos dias alegres,
As auroras brilhantes de esplendor em torno
Secaram lentamente, como a erva da Alegria,
Abandonadas pela Dama de loura beleza:
Ligeira e sem vê-las ela passa, estrangeira,
Velando a fronte para esconder uma lágrima,
Que se obstina e, trêmula, ameaça cair.

Depressa atravessou a sala da grande mansão
E sobe a passos apressados
Ou atravessa correndo as galerias obscuras,
Cujo eco, respondendo aos apelos da brisa,
Canta o hino deserto
E as vésperas do tufão que devasta a noite."

(De O vento da noite, tradução de Lúcio Cardoso, Civilização Brasileira.)

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