quinta-feira, 13 de julho de 2017

Do prefácio de Moacyr Scliar para "Jovens polacas", de Esther Largman

"Médico recém-formado, trabalhei como clínico num asilo para idosos mantido pela comunidade judaica de Porto Alegre. Entre os residentes, havia uma mulher que me chamava particularmente a atenção; embora apresentasse um grau avançado de demência, era uma pessoa  alegre - passava os dias cantando - e, se assim posso me expressar, sensual: eu sempre a via penteando-se, ou diante do espelho, se arrumando como podia. Mais que isto, acreditava-se sedutora: quando eu ia a seu quarto, examiná-la, não me identificava como médico, e sim como um visitante qualquer. Que moço elegante,  dizia então, senta aqui na cama, vamos conversar um pouco... Inevitavelmente seguia-se uma investida; de modo que, para examiná-la, eu precisava que uma atendente a segurasse."
(Publicado pela Editora Rosa dos Tempos.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário