sábado, 13 de janeiro de 2018

Soneto da supremacia dos mortos

Pelo que diz toda a gente
E pelo que aprendi eu,
É infeliz todo vivente,
Feliz é só quem morreu.

A antiga lei ainda vige,
Injusta, disparatada:
Dos vivos tudo se exige,
Dos mortos, contudo, nada.

Se dos vivos recusamos
A métrica, o tom, a rima,
Dos mortos tudo é obra-prima.

Porque só os mortos amamos,
Nosso conforto é saber:
Todo vivo há de morrer.

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