quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Bolero

Gosta, quando dança com ela, de chamá-la ao peito e deixar a mão livre lhe correr pelas costas até atingir a suave lombada que seus dedos começam a subir depois com cuidado, não por algum receio, mas para gozarem centímetro a centímetro o relevo sinuoso. Sempre que chegam ao topo do aclive, os dedos fixam-se ali, entre os dois carnudos hemisférios separados pela tênue linha que a saia quase não deixa o tato distinguir, e empenhados em apalpar sentem, com prazer e desprazer, que algo pode, que algo vai, que algo está inevitavelmente acabando antes da música.

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