Sylvia Plath e o suicídio eram amantes. Ela o buscou a vida inteira e ele a procurou também, sempre, e a cortejou e suspirou por ela, e a reclamou até quando ela estava entregue ao sono e aos sonhos. Sylvia celebrou esse amor ao seu amante em praticamente todas as linhas de todos os seus poemas. Fiel a ele, foi correspondida até o dia em que esse amor se consumou, em 11 de fevereiro de 1963. O poema Papoulas em Julho, traduzido por Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça e publicado pela editora Iluminuras, é, entre essas celebrações de Sylvia, uma das mais pungentes.
Pequenas papoulas, pequenas chamas do inferno,
Vocês fazem mal?
Vocês se mexem. Não posso tocá-las.
Meto as mãos entre as chamas. Nada me queima.
E me cansa ficar aqui olhando
Vocês se mexendo assim, enrugadas e rubras, como a pele de uma boca.
Uma boca sangrando.
Pequenas franjas sangrentas!
Há fumos que não posso tocar.
Onde estão seus ópios, suas cápsulas que enjoam?
Se eu pudesse sangrar, ou dormir!
Se minha boca se unisse a essa ferida!
Ou se seus licores me sedassem, nessa cápsula de vidro,
Enternecendo e acalmando.
Mas sem cor. Incolor.
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