Hoje, procurando um texto de Jorge Luis Borges sobre Shakespeare, nos meus olhos fulgurou o ouro dos quatro primeiros versos do poema "Elogio da Sombra", publicado num dos volumes das Obras Completas, da Editora Globo:
A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão)
Pode ser o tempo de nossa felicidade.
O animal morreu ou quase morreu.
Restam o homem e sua alma.
Bálsamo não é uma palavra que desfrute de bom conceito hoje, mas foi ela que me ocorreu imediatamente. Alívio, conforto -- e até bem-aventurança -- seriam também palavras possíveis para expressar o que senti ao ler os quatro versos, tão simples, tão filosóficos, tão inspiradores, tão borgianos.
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