domingo, 4 de abril de 2010
A felicidade não tem história
Neste domingo, lendo uma coletânea de memórias de Isabel Allende, A Soma dos Dias (editora Bertrand Brasil, tradução de Ernani Ssó), encontrei isto: "A felicidade é uma frescura; a gente vem ao mundo para sofrer e aprender." Essa frase poderia ser o resumo do livro, no qual Isabel narra uma sucessão de infortúnios familiares sem os quais ela admite, em determinado momento, que não teria sobre o que escrever. Já Balzac fazia observação semelhante e comentava que a felicidade não tem história. O objeto do conto, da novela e do romance, a matéria do contista, do novelista e do romancista são a luta, as tragédias, os sofrimentos, as vicissitudes dos protagonistas. No final, se vencerem todas as atribulações e transpuserem todos os obstáculos, eles ganharão do narrador não um novo livro no qual se contará a ventura que mereceram com seu estoicismo e seu esforço. Terão, no máximo, algo parecido com o que se lê no epílogo dos livros infantis: "foram para o castelo e viveram felizes para sempre". Assim, sem detalhes nem brilho.
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